terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Conformismos

Na física aprendemos que todos os corpos tendem a alcançar um movimento uniforme, todos os corpos buscam a estabilidade, o equilíbrio de forças... o que é isso? A providência divina? Alguém tentando nos ensinar uma lição? Simples coincidência?

Quem disse que porque as coisas são como são, assim devem continuar? Por que temos medo da mudança? Do que virá no futuro? Por que temos medo do que não conhecemos? Medo de não conseguir se adaptar? Em que momento somos levados a deixar de lado nossos impulsos, nossa curiosidade, nossas paixões, desejos, simplesmente para manter aquela velha e mórbida harmonia de sempre... Quando foi que nos conformamos a viver como vivemos?

Não é uma questão de lembrar de anarquistas ou comunistas, pois eu não falo aqui no sentido político, falo no sentido humano, no sentido das ideias loucas que preenchem nossas cabeças, com as quais sonhamos a noite, das quais falamos em poesias e que expressamos em músicas, fotos e pinturas... Falo daquela essência, falo daqueles momentos em que você se dá conta de que é tão dependente de alguém que fala até consigo mesmo!

Ao questionar meu irmão sobre uma briga com a minha mãe, a um tempo atrás, eu perguntei a ele: "Por que tem que ser assim?" e ele respondeu: "Você conhece a minha mãe, ela é assim mesmo... conversa logo com ela e resolve isso!". Em que medida a relação entre pais e filhos se torna uma prisão moral ou uma república? O que leva algumas pessoas a acharem, a realmente acreditarem, que são capazes de moldar outras? Que um filho nada mais é do que a continuação de si próprio, mas um eu que ainda pode ser modificado para que outras oportunidades surjam, outra vida se desenvolva a partir daquele ponto... Será sua forma de buscar a eternidade?

Loucos, piores ainda são aqueles que não assumem que o são... Loucos de pensar que por um segundo sua consciência permanecerá naquela pessoa depois da morte... Loucos de imaginar uma vida dedicada a grande causa de recriar seu próprio eu... Loucos por não perceberem as individualidades de seus filhos... Loucos por não ouvi-los, não falar com eles e até mesmo por não enxergá-los como são! Loucos por amarem demais...

Não digo que isso seja certo ou errado, eu não posso saber como é ser mãe, pois sou filha e enxergo as coisas, obviamente, segundo minha própria perspectiva, distorcida por tudo o que quis fazer e um dia ela me impediu, por tudo que eu quis ser e ela não deixou, pelos vários nãos que já escutei... Louca sou eu de perdoar isso tudo com um simples abraço, louca sou eu por pensar em algum momento que ela não pensa verdadeiramente em mim, louca por pensar que eu posso fazer tudo, bastando a liberdade tão sonhada...

Acho que os filhos de pais superprotetores se sentem como os Elefantes circenses, aqueles que são pegos desde pequenos e amarrados em um toco de madeira. Enquanto são pequenos tentam escapar, mas o toco e as cordas são fortes o suficiente para prendê-los, quando crescem ficam fortes, enormes, poderiam facilmente partir as cordas, arrancar o toco do solo e fugir dali, mas aprenderam desde pequenos que não são capazes e acreditam tanto nisso que passam o resto de seus dias ali, sempre ligados ao circo que os alimenta, os limpa, os da trabalho e os prende pelos pés. 

Chamem Hermes para instalar asas em seus pés! Chamem Hércules para arrebentar as cordas! Chamem Zeus para destruir as armadilhas! Mas depois que fugir encare a vida que tiver, sem pestanejar, aguente as consequências das suas escolhas, lembrando que por mais que você ame o circo e se sinta seguro, sempre há o risco de ficar preso pra sempre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

É um prazer saber a sua opinião...
Deixe o seu comentário e bata as suas asinhas por aí!
O blog Coração Alado agradece!!