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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Uma posição pró-réu ou pró-humanidade?

EM CASA DE MARIBONDO, URUBU NÃO BATE ASA.

Inúmeros são os artigos e cartas que tenho visto nos jornais e revistas do Brasil, onde os autores tecem comentários sobre as propaladas reformas do Código de Processo Penal, particularmente agora que  se pode equilibrar um pouco  mais o sistema de prisão que vinha sendo imposto ao réu pobre, com graves violações ao principio constitucional da presunção de inocência ( Constituição Federal, artigo 5º inciso LVII: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória)
Os referidos artigos, escritos, na maioria das vezes,  por pessoas distantes do mundo jurídico (leia-se, não são bacharéis em Direito), não são especialistas em Direito Penal, em Processo Penal ou em Criminologia, ficam no terreno as superficialidade, apenas na alegação da insegurança da sociedade e da suposta periculosidade dos presos que serão soltos ou dos cidadãos que não serão presos, tudo isto para saciar a sede de vingança, que deveria estar afastada do Estado Democrático de Direito.
Não se lê em qualquer jornal, um artigo escrito por um leigo, dizendo este como o médico, cirurgião cardiologista, por exemplo, deve ou não fazer cirurgias, quais técnicas devam ser  utilizadas  e quais outras devam ser abandonadas. Não se lê também artigos onde leigos criticam engenheiros em razão da número da brita usada no  asfalto da estrada A ou B ( nem sei se se usa  a brita em asfalto, afinal não sou engenheiro), mas estranhamente , economistas, jornalistas, historiadores, sociólogos, músicos, apresentadores de TV, administradores, e outros tantos que não vivem o mundo forense dos tribunais, das cadeias, das injustiças históricas contra pobres e não- brancos em todos os ca ntos do país, não sabem que ainda não saímos do velho sistema de “Casa Grande e senzala” bem definido por Gilberto Freyre.
Advogados, juízes, promotores, delegados de policia opinam sobre o que o legislador constrói, e estas opiniões, no mínimo, decorrem das angustias de quem vê, no dia a dia,  a injustiça contra o acusado ou contra a vitima e, numa dosagem um pouco mais próxima da realidade, apresenta suas observações. Conheço bem os cárceres do Brasil, do Rio Grande do Sul ao Amazonas, de Rondônia à Paraíba,  e bem sei que a realidade não é esta que os “mal informados” estão querendo fazer com que a população acredite ser verdadeira, através de seus textos e comentários na mídia da TV e do rádio.
Todavia, se estamos no Estado Democrático de Direito, não se pode afirmar que bocas “não-jurídicas” devam ser censuradas sobre este ou aquele assunto oriundo do  Poder Legislativo ou Judiciário, mas o senso do ridículo e a auto-critica são virtudes que o “Bruxo do Cosme Velho” tanto elogiou em seus personagens, como  no caso de Simão Bacamarte ( da obra: O Alienista), médico psiquiatra que via em todos os moradores da cidade de Itaguaí um certo grau de loucura, passando a internar um e outro em seu hospício, por fim, reconhecendo sua própria loucura, recolheu a si mesmo no sanatório.
                                                           Pedro Sergio dos Santos
Professor de Criminologia e Direito Penal- UFG e PUC GO/ Mestre e Doutor em Direito pela UFPE/Advogado criminalista.

Foi meu professor ano passado e tem uma posição de pensamento bastante corajosa, será que os presos por serem presos merecem deixar de ser humanos?

Porém sendo o Direito o universo que mais trata da sociedade e de seus problemas, será que todos têm o mesmo direito de opinar e de cobrar do poder público, mesmo sendo leigos e não entendendo realmente a forma com que a justiça funciona? Será que não falta leitura e busca de verdadeiro conhecimento? Ou isso é irrelevante perto do direito de opinar que todo cidadão tem?

#Reflita

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Homens ou macacos?


O que nos diferencia de meros animais? Talvez a nossa "racionalidade", a nossa "inteligência", a nossa "humanidade"... Mas e se formos colocados em uma situação em que assumimos o poder? Ou, ao contrário, em uma situação em que perdemos todo o nosso poder? O que resta da nossa humanidade? No filme "A Experiência", dirigido por Oliver Hirschbiegel e readaptado por Haley Sweet, um grupo de homens é escolhido para passar duas semanas em um protótipo de prisão estadual, sendo que alguns deles assumem a função de agentes penitenciários e outros assumem a função de prisioneiros, regidos por um sistema de regras penitenciárias, sendo observados por câmeras todo o tempo. Tudo isso como uma experiência científica, comportamental e psicológica que um grupo de cientistas anuncia nos jornais, dando como recompensa 14 mil dólares a cada cobaia.

A princípio, todos são submetidos a uma série de testes e perguntas, claramente para delinear seus perfis psicológicos, a partir daí, delimitando a função, ou o papel ideal a ser exercido por cada um, dentro do sistema inventado pelos cientistas. O que justifica, por exemplo, a escolha de um devoto, de um religioso para fazer o papel de agente penitenciário e de um não devoto para fazer o papel de prisioneiro, demonstrando que tipo de valor moral deve ser ensinado a um preso, valores morais e sociais amplamente pregados pela Igreja.

É criado, portanto, um sistema prisional disciplinar, que em muito lembra uma junção entre o sistema panóptico de vigilância e o sistema de regras auburniano, em que existem as figuras autoritárias, que devem garantir que as regras sejam cumpridas, no caso os agentes penitenciários, e as figuras "rebeldes", os prisioneiros que devem ser observados constantemente, devem ser adestrados, disciplinados, submetidos à ordem estabelecida pelos agentes e pelos cientistas. De certa forma, pode-se dizer que as câmeras representam o Estado vigilante, que estabelece as regras, porém se mantendo muito distante da realidade do sistema carcerário, inerte, encarando os prisioneiros como patologias que devem ser curadas ou esquecidas.

A "disciplina" não pode se identificar com uma instituição nem com um aparelho; ela é um tipo de poder, uma modalidade para exercê-lo, que comporta todo um conjunto de instrumentos, de técnicas e procedimentos, como uma "física", uma "anatomia" do poder. Entre os diversos instrumentos disciplinares, pode-se citar a substituição do chamamento nominal dos presos por chamamentos numéricos, os horários estabelecidos para as refeições, a questão dos presos terem obrigatoriamente que comer tudo o que lhes é oferecido nesses momentos, a delimitação de tarefas para cada um dos presos, a vestimenta característica, não só dos presos como dos agentes penitenciários, a questão dos presos só poderem se dirigir aos agentes quando estes lhes derem a palavra, destruindo progressivamente a relação de camaradagem do começo da experiência e colocando no lugar humilhação e raiva.

Os presos simplesmente não seguem as regras e os agentes não conseguem impedir que seu poder, praticamente supremo, suba à cabeça. A partir do momento em que os agentes tornam as medidas disciplinares mais duras e violentas (os cientistas deixam a escolha dos próprios agentes a delimitação dessas medidas, contanto que fossem proporcionais à infração cometida), evoluindo de meras flexões para sérias agressões físicas e psicológicas, os prisioneiros também se tornam mais violentos e mais inconformados com os castigos abusivos. Até que o sistema entra em colapso, quando os presos conseguem se soltar e fazem um motim, motivado também pela morte de um dos prisioneiros durante um conflito com os agentes.

O filme se torna então uma grande guerra, sangrenta e violenta, em que os presos e agentes penitenciários só não se matam uns aos outros porque, enfim, a luz vermelha pisca e os portões do protótipo de penitenciária se abrem, indicando o fim da experiência. Incrivelmente, é como se todos abandonassem o papel que estavam interpretando e se dessem conta do que estavam fazendo, do que eram e no que se transformaram, como se percebessem o absurdo de sua própria selvageria.

Fazendo uma análise geral do filme, podemos ver o quanto o nosso sistema carcerário atual é falho e incompetente em sua função de ressocializar o preso, pois muitas vezes ele sai de lá muito pior do que quando entrou; na atual Teoria do Crime, sendo a Sociedade Geral, representada pelo Estado, a principal vítima de todos os crimes cometidos pelos cidadãos, a pena existe não para apagar um crime, mas para transformar um indivíduo, o que obviamente não acontece.

Foucault diz que a evolução do sistema carcerário fez com que o Estado, de forma geral, abandonasse a aplicação de castigos corpóreos como os suplícios, porém o que se vê é uma realidade ainda muito brutal, em que os presos são submetidos não só a agressões verbais, mas também físicas, perdem suas identidades, sua auto-gestão, tudo aquilo que os torna humanos, partindo do princípio de que a sociedade deve ser protegida a qualquer custo e que quem não se encaixa deve ser devidamente punido.

Segundo Baltard, as prisões são "instituições completas e austeras", como um aparelho disciplinar exaustivo que deve tomar a seu cargo todos os aspectos do indivíduo, através da delimitação de hierarquia, de regras disciplinares claras e precisas, através do isolamento, do trabalho, do silêncio e da resignação, porém os grandes teóricos da "teoria da prisão", do século XVIII, se esqueceram que são pessoas de verdade que põem o sistema para funcionar, pessoas que cometem erros, que se deixam levar pela ambição e pelo poder, numa situação agravada pela omissão do Estado, levando o sistema prisional ao caos, conforme é metaforizado no filme.

Foucault ainda ressalta que:

"O sonho de uma sociedade perfeita é facilmente atribuído pelos historiadores aos filósofos e juristas do século XVIII: mas há também um sonho militar da sociedade; sua referência fundamental era não ao estado de natureza, mas às engrenagens cuidadosamente subordinadas de uma máquina, não ao contrato primitivo, mas às coerções permanentes, não aos direitos fundamentais, mas aos treinamentos indefinidamente progressivos, não à vontade geral, mas à docilidade automática."

E, partindo dessa ideia, ele diz que há um "desafio político global" em torno da prisão, que não se trata de saber se ela é corretiva ou não, ou de quem terá mais poder dentro e fora de seus muros; na verdade ele está entre a alternativa prisão ou algo diferente disso. É muito fácil perceber que essas complexas relações de poder, corpos e forças submetidos por diversos "dispositivos de encarceramento", discursos abstratos em contradição com a realidade carcerária ainda levarão a sociedade a muitas discussões e a muitas batalhas.

O prisioneiro 77, enquanto figura bastante influente ao longo do filme e o preso que mais sofre retaliações, até por ser o mais "indisciplinado" segundo os padrões da experiência, é questionado por um dos colegas de quarto, quando estão indo embora pra casa, se ele ainda acredita que os seres humanos são mais evoluídos que macacos. Ele diz que sim, pois os seres humanos têm a capacidade de mudar.


Bem blogueiros, esse texto foi escrito por mim no semestre passado, como parte da nota da matéria Execução Penal e Administração Prisional na Faculdade de Direito.

Eu postei esse texto aqui, porque assim eu já mato muitos coelhos com uma caixa d'agua só (kkkk eu sei que o ditado não é assim, mas fica mais engraçado, porque não faz o menos sentido!).

Primeiro divulgo o Filme "A Experiência". Eu assisti as duas versões, ou seja, a alemã, que é a original, e a norte-americana. Particularmente, preferi a norte-americana, até pela qualidade de imagem e pelos atores. A baixo as duas capas do filme:



 Em seguida eu já indico também, pra quem se interessar, o Livro "Vigiar e Punir" de Michel Foucault, que trata da história das prisões, dos suplícios corporais, da evolução do conceito de crime e punição, do estudo dos sistemas de vigilância e disciplina... um livro completíssimo e muito importante para quem deseja entender muito mais sobre o assunto.

Enjoy :)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A loja dos Suicidas

É isso mesmo blogueiros, começo essa sexta-feira com uma indicação de livro bem tenebrosa...



É pura malvadeza!!!



É o livro "A Loja dos Suicidas" do romancista francês Jean Teulé, que conta a história dos Tovach, uma família especializada no comércio de produtos para o suicídio... (TENSOOOOO)!!

São cordas de todos os tipos, venenos, armas, munição e tudo mais que a sua imaginação perversa e louca cogitar. Segundo o patriarca da família: "Só se morre uma vez, portanto torne a ocasião especial!". Por trás desse título e dessa ideia um tanto inusitada, o livro trata principalmente da melancolia e tristeza que envolvem a maioria dos membros da família: A mãe é rancorosa, a filha é obesa, o irmão mais velho é entregue a pensamentos mórbidos e o pai obsecado com os negócios. A única exceção é Alan, o caçula da família, que tem uma alegria de viver que chega a incomodar seus parentes, estes que chegam a tentar enviá-lo a uma escola de Camicases em Mônaco (olha que loucura!!)...

Mas o garoto não se deixa levar, acaba ensinando uma lição a todos e levando a sua própria família a repensar os seus atos e os seus pensamentos, fazendo-os descobrir que a vida também tem coisas boas e felizes.

Eu encontrei o livro na Livraria da Folha (Folha de São Paulo) e estou louca pra ler... Compre o seu online que a rede de compras da Folha é bem segura!!

"De bombons envenenados a cordas de enforcamento!!"



Título: A Loja dos Suicidas
Autor: Jean Teulé
Editora: Ediouro
Edição: 1
Ano: 2010
Idioma: Português
Especificações: Brochura | 144 páginas

Leiam e depois comentem aqui...Tenham um boa dia!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ponto de Impacto

Esse foi o último livro que eu li...

"Ponto de Impacto" é um livro muito interessante e curioso do nosso célebre especialista em tramas internacionais e conspirações, Dan Brown. Já é um livro um pouco mais antigo, foi lançado logo depois de "Anjos e Demônios" e de "Fortaleza Digital" e não deixou a desejar.


Rachel Sexton e filha de um dos candidatos que concorrem a Presidência dos Estado Unidos, no páreo estão, portanto, o Senador Sexton e o atual Presidente, que quer se reeleger. O forte da campanha de Sexton ao longo de todo o livro é tratar da quantidade de gastos que o governo anterior teve com a NASA, mesmo depois de anos sem uma descoberta realmente relevante, mas para a surpresa de todo o mundo o Presidente acaba anunciando uma descoberta incrível, que poderá mudar os rumos da história!

Rachel está diretamente ligada a tudo isso e serve de testemunha de todos os acontecimentos dessa trama, cheia de mentiras, manipulações, chantagens, decobertas científicas e muita ação...

Confira!!
  

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O Rei da Vodca

Para quem tem problemas com livros e acha a maior chatisse...

No livro "O Rei da Vodca - A saga da família Smirnov e a construção de um império", descobrimos a história de vida de Piotr Smirnov, um servo de uma pequena aldeia russa, no século XIX, que consegue se libertar. A partir daí, por ter faro para os negócios e criatividade para fazer campanhas de marketing, constrói um império da vodca, tornando seu produto popular e lançando a marca "Smirnoff" por todo o mundo.

"Política, negócios, tragédias pessoais e espirito de superação em uma narrativa épica apaixonante..."

É a incrível história de um homem e uma bebida!

Escrito por: Linda Himelstein


LEIA!! :)