sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Melancolia

No dicionário:
melancolia
me.lan.co.li.a
sf (gr melagkholía) 1 Psicose maníaco-depressiva. 2 Estado de humor caracterizado por uma tristeza vaga e persistente. 3pop O mesmo que vitiligem.



Ontem eu descobri que a minha vida se resume a uma espera... eu vivo a esperar por algo, mas eu não faço ideia do que seja. Um amor? Uma carreira? Uma viagem que pode abrir os meus olhos para o mundo? Uma tragédia? Uma traição? Uma mentira?

O que foi feito daquela coragem e daquela alegria de viver? Hoje forço em mim mesma um pensamento positivo, pois quem sabe assim as coisas funcionem... Fiquei quatro anos da minha vida buscando por uma coisa bem específica e depois que a conquistei fiquei sem sonhos, e a coisa alcançada já não me basta mais, não me completa, não me preenche... Mas afinal o que há de me preencher? 

Só tenho olhado pro céu para ver se vai chover, só tenho sentido o calor na ânsia de baixas temperaturas... tenho sentido o sol e fico me perguntando se me lembrei de passar o filtro solar. Ainda bem que eu tenho o vento, pra bagunçar os meus cabelos e me tirar, pelo menos por alguns instantes, da falsa retidão que eu insisto em demonstrar. Falsidades, meras distrações, ilusões, alucinações que escondem no meu mais íntimo ser a constatação de que eu não sei quem sou, de que as minhas defesas estão cada vez mais fracas e que isso não necessariamente é ruim.

E daí se pensarem que sou louca? Que sou profana? Incrédula? Insana... Estariam apenas projetando em mim as suas frustrações; a extrema e obssessiva necessidade de parecer normal, e de convencer não só aos outros mais a si mesmo dessa tremenda mentira. Quem somos nós afinal? Quem foi que nos ensinou a nos mutilar todos os dias, nos cortar, nos fatiar, para enfim cabermos na concepção abstrata e artificial do certo? E por que nos submetemos a isso?

As nossas relações são superficiais, os casamentos não duram mais, as pessoas só querem vencer as outras em todos os aspectos, tudo se resume a dinheiro e poder... Queremos sempre acertar, mas esquecemos que a regra é o erro e que quando estivermos a beira do precipício e um tropeção nos fizer cair não haverá super-herói que possa nos salvar, pois estamos lutando contra nós mesmos... No fundo somos todos psicopatas, esquizofrênicos, deprimidos... Não vivemos, simplesmente suportamos a nossa existência até quando der, torcendo para que não seja tão ruim como parece. 

Quanto mais inteligente se é, mais difícil se torna aceitar os acontecimentos da vida, mas difícil é encontrar um caminho viável, mais penosas e céticas são as constatações, menos feliz se é. Se pudermos considerar que uma pessoa feliz é aquela que aceita a sua vida e se esforça todos os dias para enxergar as coisas de uma forma positiva, curtindo os bons e maus momentos, podemos dizer que são não só iludidos, como extremamente invejáveis. Quem me dera poder acordar todos os dias tendo certeza absoluta de alguma coisa, mesmo que totalmente sem sentido! Quem me dera poder acreditar tanto em algo, até ser capaz de morrer por aquilo! Quem me dera não me sentir um lixo depois de cada rejeição! Quem me dera não conhecer nada e ao mesmo tempo entender tudo! 

Mas o que é melhor: ser um ignorante feliz, ou um gênio depressivo? 

E tudo isso se manifesta dentro de uma cabeça que viveu tão pouco mas que tem tanto a dizer quanto todas as palavras desse mundo... as vezes me sinto uma centenária, pois por mais rápido ou lento que o tempo passe me sinto exatamente no mesmo lugar, na mesma era, estagnada nos mesmos momentos... e isso me desespera. 

Os seus óculos
transmitem uma confiança falsa
Sua boca
diz mentiras que depois disfarça
Em suas mãos as chagas
da minha redenção
Ela chora e implora
pelo meu perdão.

Flores plásticas
Iludem os meus olhos com as suas farsas
Reprimidas,
Invejosas, recalcadas

Espero que o tempo as corroa
e mostre quem são 
Depressivas,
carentes por atenção.

Suas roupas
refinadas e sarcásticas
Deliciam-se
com a algazarra
Que provocam ao contarem
Sua práticas
Venenosas, vingativas
Alienadas.

É uma pena que as tristezas
Não retiraram sua vaidade
Mas pra que pedir tanto
se a maioria não sabe nem a metade?

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