quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Surreal

E o que vai acontecer se eles atirarem na minha mãe e no meu irmão?

Esse foi o primeiro pensamento que eu tive hoje de manhã, logo depois de acordar, quando me dei conta de que dois homens tinham invadido a minha casa e rendido a minha família com uma arma. 

Meu coração batia descontroladamente e as ideias mais bizarras e absurdas surgiram na minha cabeça: pegar o meu celular sem ninguém perceber e ligar para a polícia? Me jogar com toda a força em cima de um deles pro meu irmão tentar pegar o outro? Começar a gritar desesperadamente para que algum dos meus vizinhos pudesse tomar consciência do que se passava bem em frente aos meus olhos? 

A única coisa que eu consegui fazer foi ficar estática, pálida e escandalizada com o que estava acontecendo. O bandido usava um capacete para não ser identificado, mas eu nunca vou esquecer aquela imagem horrenda e fria invadindo o meu quarto e me perguntando "educadamente" onde estava o meu celular. Minha mão maquinalmente pegou o celular e o entregou. Minha mãe chorava e segurava o meu cãozinho no colo. De tão inocente, mal percebeu que se tratava de um assalto, se ela o soltasse provavelmente iria brincar com os ladrões como se nada tivesse acontecido.

Meu irmão, perdeu um colar de ouro, 100 reais que estavam na carteira, algumas roupas de marca e toda a capacidade de acreditar na bondade das pessoas. Minha mãe só pensava no que eles poderiam fazer comigo sozinha no quarto, com um perigo (in)certo, perdeu as joias que outrora a embelezaram e o carro que com tanto orgulho havia comprado.

Os dois não levaram muita coisa, perto de tudo que havia pra levar, perto de tudo de ruim que poderia acontecer, mas além dos bens e da tranquilidade da minha casa, levaram um pouco da nossa dignidade e da nossa credulidade no ser humano. É nessas horas que percebemos o quanto somos prisioneiros dentro de nossas próprias casas e o quanto o mundo tornou a vida algo fútil, igualada às mercadorias que vemos enchendo as prateleiras e as nossas mentes de vícios e temores.

Mais uma vez eu me decepciono com a sociedade, porém entre mortos e feridos salvaram-se todos!

Se cuidem, pois a minha invencibilidade e intangibilidade foram para o ralo em 15 minutos que mais pareceram 15 anos.

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